A confiança política tem preço!

18-02-2013 15:17

Confiança

Nos últimos dias, temos vindo a ouvir e ler muito sobre política, o que é ser político, alguns que nunca o foram, outros que sempre o foram, outros gostam de o ser, e por aí fora...
 
Na semana passada, a propósito do comunicado de um candidato a presidente da Câmara Municipal do Cartaxo, deixei aqui a minha opinião. Recordar-se-ão todos que, parte da definição que propus, foi dizer que o “político é aquele que influência a maneira como a sociedade é governada”.
 
Esta semana, a propósito da notícia sobre a apresentação de outro candidato a presidente da Câmara Municipal do Cartaxo, apetece-me voltar a dizer que “o político é aquele que influência a maneira como a sociedade é governada”.
 
É que para se ser político, para fazer política a favor das pessoas, que não aquela política do gabinete e dos corredores do aparelho, é preciso muito mais do que chegar a meia dúzia de meses das eleições, e dizer que se vai “influenciar a maneira como a sociedade é governada”. 
 
É que se podia ter caído de paraquedas neste teatro político ontem, mas não é caso. Podia um qualquer vazio de liderança ter catapultado para as luzes da ribalta um glorioso salvador da pátria Cartaxeira, mas também não é esse o caso!
 
Quando se gosta de ser político, não é preciso forçosamente desempenhar um cargo de governação para se ser político! Veja-se o caso de todas as oposições. Todos são políticos na medida em que influenciam a forma como aqueles que têm o poder nos governam, e isto faz-se na condição de eleito de um qualquer órgão político, mas também pode ser feito cá fora, na rua, no meio das pessoas, dos cidadãos.
 
O líder do partido que governa o Cartaxo, apresentou ontem a sua candidatura. Ele assumiu que gosta de ser político. Mas Pedro Ribeiro anda por estas bandas há algum tempo. Não apareceu ontem. Até à poucos dias atrás, o presidente da Câmara do Cartaxo, agora seu oponente na corrida eleitoral, era aquele que tinha feito o bom trabalho, depois uma herança pesada deixada por Paulo Caldas. E, por isso, sempre mereceu a confiança do partido pelo qual foi eleito, nas decisões que foi tomando, na forma como influenciou a sociedade cujo governo chefia. A confiança que o partido lhe deu, a cumplicidade dos atos e das omissões não podia ter sido mais clara: até públicos votos de confiança houve!
 
Agora, e porque supostamente é agora a oportunidade, o líder dos socialistas do Cartaxo já critica o desmazelo do seu presidente de câmara, em áreas como a limpeza, a conservação de espaços verdes. Mas só agora é que soube disto? Anteontem estava tudo bem? E também já acusa o presidente da câmara de manter as portas fechadas às empresas que querem investir no Cartaxo. Só ontem é que percebeu isso? E, pasme-se(!), acusa a sua maioria na câmara de ter colocado o município numa situação financeira muito grave. Será que o líder socialista Pedro Ribeiro só acordou ontem? Não teve oportunidade de reunir com a sua maioria antes?
 
A memória não tem que ser curta, já o tenho dito aqui muita vez! Não foi por falta de oportunidade, muito menos por falta de chamamento... Pedro Ribeiro calou, consentiu e sobretudo confiou em tudo o que os eleitos do seu PS fizeram para trazer o Cartaxo a este ponto: uma terra desmazelada, maltratada, suja, sem oportunidades para as empresas e para os investimentos e, pior de tudo, falida! Agora é que quer arrumar casa? 
 
A verdade é que a confiança política tem preço, e o preço é bem caro!
 
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José Augusto de Jesus