2004-08-22 - Direitos ao assunto!

22-08-2004 16:10

Numa época de férias, é com muita satisfação que me permito fugir dos assuntos mais prementes e de clara incidência “opinativa” para, descontraidamente me deleitar por causas não menos nobres, que apesar de muito “velhinhas”, devem merecer toda a nossa atenção.

Falo sobre o património humano, material e cultural deste povo “português” ainda tão pouco “valorizado” num país onde cada vez mais se defende um rumo de crescimento económico que passa pelo turismo! E aqui não me cinjo aos que vêm de fora mas também àqueles que, cá dentro, gostam de descobrir os imensos tesouros que temos para oferecer. E sobre isto, apetece-me tecer algumas notas que penso, serão partilhadas por muitos que como eu, também encostam o carro na “beira da estrada” se os olhos se fixam num “traje indígena” de inigualável beleza, num “pormenor granítico” com centenas de anos ou até porque o rio (ali mesmo) se misturou na paisagem e permitiu uma “tela” que só não está no “Louvre” porque nem aí estes tesouros se podem guardar… E nisto, não precisamos de fugir do nosso Ribatejo para conseguir resultados deliciosos…

Sem querer concretizar muito para não correr o risco de dar a entender qualquer esquecimento “imperdoável”, sempre direi que é qualquer coisa de “divino” ver o Tejo, aqui, ali, atravessando os campos verdes onde homens e mulheres agora se “debatem” com a apanha dos frutos da terra.

Assim como o é, parar nas “capitais do gótico” e visitar aqueles sólidos pilares de uma cultura de gente de fé, de grandiosidade, que hoje ainda, apesar dos actuais esforços pedagógicos, são ainda os melhores para nos deixar orgulhosos, optimistas, nos fazer sentir capazes e deixar de lado as “stressantes” ideias de que o que é dos outros é melhor. Com estes exemplos de grandeza, bem enraizados na nossa cultura, de certeza que se retemperam forças, se esquecem desilusões e nos sentimos “capazes”.

Não posso esquecer as aldeias, as vilas, que numa tarde de Agosto são tão calmas e tão serenas que nos permitem observar coisas tão simples e ao mesmo tempo tão “rendilhadas” como seja o percurso das uvas para o lagar que depois se hão-de transformar em “mágicos” e únicos néctares de prazer e êxtase. E aqui, seja-me permitido o testemunho justo de quem já desfrutou alguns momentos saborosos em “locais frescos” que albergam esses tesouros.

É neste património que eu espero, juntamente com muitos como eu, ver atitudes legislativas adequadas, políticas centrais e, sobretudo locais, de carácter positivo. Tudo com a finalidade concretizadora de conservar, proteger e divulgar esta riqueza tão bela e ao mesmo tempo tão acessível, para todos! E… em tempo de “vacas magras”, até que as pessoas podem experimentar os efeitos terapêuticos que este nosso Ribatejo, este nosso Portugal nos permite, sem ter que despender muitos “euros” em estadias prolongadas junto da mesma praia…

Não se trata de deixar as praias “às moscas” invocando este património. (Que bem que sabe um mergulho…) Antes, não deixar que estes tesouros fiquem esquecidos (…). Porque em Abrantes, em Alpiarça, em Almeirim, nas Portas do Sol, em Valada ou em Muge, (como também no Douro ou no Gerês…) uma tarde de férias pode ser tão ou mais reconfortante que uma “barriga pró ar” num qualquer amontoado de areia…

 

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Jose Augusto de Jesus

22-08-2004