2004-10-18 - Direitos ao assunto!

18-10-2004 17:00

De facto, eles andam “doidos”… Nem sei se outra expressão mais eficaz me ocorre para estas reacções em directo, ao vivo e a cores, do jogo de futebol entre o Benfica e o Porto, que tinha sido profetizado como uma tragédia, um momento inseguro e desaconselhado…

Desculpem lá que fuja um pouco ao “direito” e me meta mais no “assunto” mas apetece-me “malhar” em cima de muita gente! Não vou transcrever a minha lista pessoal, mas posso dizer que são dirigentes, jornalistas, comentadores, políticos e outras “celebridades”… Isto que ninguém nos ouve… anda tudo a ver se encontra a porta da “quinta”!

Será que ninguém se lembra mais do nosso saudoso Euro 2004, da festa que todos vivemos? Das bandeiras, das rivalidades bem digeridas? Será que “só sabemos estar” quando vem gente de fora à nossa casa? Que vergonha é esta de quase “forjar” uma guerra civil à volta de um simples jogo de futebol? Que (ir)responsabilidade é esta de se virem usar televisões, rádios e jornais para promoção do lado negro da “bola”? O Ministro e o Secretário de Estado assumindo que não havia condições para se realizar um jogo de futebol... O comandante da PSP a dizer que sim! Como diz o outro… “Qué qué isto ó meu???”.

Depois os bastidores e “posteriores” do jogo em si… Roubos, mulheres, champanhe, “agora falo eu”, “depois falas tu”… Não sei qual a categoria onde o meteríamos, mas uma coisa é certa… não daria um Filme!

Nem parece este o país a quem Lars-Christer Olsson, Director-Executivo da UEFA disse: “obrigado… assistimos a futebol de qualidade, boas equipas, bons árbitros, adeptos soberbos e uma excelente organização, o povo português fez deste Europeu uma experiência fantástica". Gilberto Madaíl garantiu que se tratou "da maior e melhor prova desportiva de sempre, incluindo o Campeonato do Mundo". Será que temos memória curta? Será que alguém me vai responder a dizer que os adeptos eram só estrangeiros, assim como os árbitros e os dirigentes? Bem, mesmo assim, digo eu, deveríamos ter aprendido que só daquela maneira podemos encher estádios com alegria e paixão!

Não seria bom lembrar a essas “aves raras”, a essas “antas” que o futebol é festa! É alegria e emoção que deve prender o mais velho e o mais novo, o adepto daqui e dali, num convívio animado, aguerrido, mas saudável. Para que é esta pouca vergonha?

Ainda por cima, caros amigos, eu fui à bola e sabem o que vi? Vi um estádio com 65.000 adeptos, uns mais fervorosos que outros, cada um a puxar para onde lhe interessava, mas sem “metralhadoras”, sem “tanques”… Não vi guerra nenhuma. Pelo contrário, cheguei a ver portistas e benfiquistas abraçados antes e durante o jogo, até mesmo à volta de um “garrafão”… Não foram muitos… é verdade. Mas ninguém se atropelou!

Esta é a maior lição que tiramos deste episódio português: o Porto foi jogar um jogo de futebol com o Benfica, o estádio esteve cheio, as pessoas manifestaram-se normalmente, acabou o jogo e foi tudo petiscar antes de ir para casa e… ponto final! O resto, meus amigos, mais não é que a “produção” a tentar meter no ar mais alguma quinta para ver se fica célebre….

 

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José Augusto de Jesus