2004-11-08 - Direitos ao assunto!

08-11-2004 17:05

Perspectivas dos nossos dias…

 

Quase sempre consigo escolher um tema para partilhar com os leitores neste espaço que, simpaticamente, o Terra Viva me dispensa. Não é tarefa fácil! A prová-lo, o facto de esta semana decidir percorrer alguns dos temas fortes da actualidade!

Desde logo, a reposição da esposa do Sr. Bush na Casa Branca. E digo assim, porque a maneira de fazer campanha nos Estados Unidos fez com que o presidente reeleito falasse mais vezes na “vontade de ver a mulher na Casa Branca”, em Deus, na família, do que naquilo que seria o seu programa de Governo! Apesar do que foi dito ou prometido, uma coisa é certa: a guerra no Iraque vai acabar durante o seu mandato! Ou por “aniquilamento total”, ou pela “cedência consentida”, os “aliados”, com os americanos e ingleses à cabeça, vão ter de por fim a esta frente de batalha! Uma guerra cada vez mais incompreendida, cada vez mais sem sentido… Era bom que os três meses de dilação decididos recentemente para as forças portugueses no Iraque (…), não se cumprissem pelos melhores motivos! As razões do fim são simples: o petróleo tem que baixar, a indústria de armamento – cujo peso no PIB americano é enorme – já tem muito para fazer, e a “vergonha” do Vietname começa a pairar… (entre outras…) A crise tem que acabar! Os indicadores económicos que apontam melhorias têm que ter correspondência efectiva e prática! No dia em que acabar o conflito do Iraque os estados unidos vão recuperar e todos iremos atrás… se bem que por “linhas tortas”, dar-se-á um passo para a paz!

Outro assunto imediato é o caso Yasser Arafat! O líder palestiniano parece ter sucumbido pela doença! Apesar de ter sido muitas vezes conotado como terrorista, a verdade é que foi ele que assinou a “Declaração de Princípios Sobre a Autonomia Palestiniana, em 1993. Apertou a mão ao primeiro-ministro israelita Yitzhak Rabin, com quem assinaria o Acordo de Autonomia, em Maio de 1994. Talvez por isso e é bom lembrá-lo, Arafat foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz em 1994, ao lado de Rabin e Shimon Peres, então ministro dos Negócios Estrangeiros. Infelizmente, nos últimos anos da chefia de Arafat, o “Roteiro para a Paz” no médio oriente “esfumou-se”. Ou porque Ariel Sharon endureceu a posição de Israel, suportada agora pela experiência terrorista mundial, ou porque Arafat não conseguiu controlar os movimentos radicais que agora querem entrar para a corrida eleitoral à sucessão, como seja o Hamas ou a Jihad. A verdade é que, apesar do vazio que se irá sentir, abrem-se, por força das circunstâncias, portas para que a comunidade internacional promova uma solução de paz, ou o mais aproximada possível… Abu Mazen, actual primeiro-ministro palestiniano que pediu que não houvesse atentados contra Israel durante a ausência de Arafat, poderá ser uma boa aposta… Certo é que Estados Unidos e União Europeia terão um papel fundamental na mediação para a paz! É impossível aquele pedacinho do globo acalmar sem intervenção do exterior, é mais do que sabido! A nova União Europeia, reforçada com a sua constituição, deverá integrar mais acerrimamente esta mediação. Espero que a nova equipa de Barroso possa estar à altura…  

Por fim, pela nossa “casa”, um dos temas que nos vai prender nos próximos dias, é o Congresso do PSD em Barcelos. Por muito que se escreva ou diga, parece que existem duas questões de enorme importância e que vão ocupar o debate político! Em primeiro lugar a legitimação de uma figura que hoje governa Portugal. Santana Lopes sucedeu a Barroso no Governo, com a “bênção” de Jorge Sampaio, sem passar por uma eleição (até mesmo interna…). Já se falou, sobretudo na hora da sucessão, das forças de bloqueio internas. Estou desejoso de ver essa clarificação. Importante para o PSD, mas mais importante para a estabilidade que parece não existir em torno do primeiro-ministro, o que me leva a constatar (também), a falta de consistência (figura desportiva…) que este governo tem denotado! Santana ainda não se afirmou como chefe do executivo, esperamos que vire a página, em favor da governação, a partir do próximo fim-de-semana. Em segundo lugar, outra questão de particular interesse no congresso, será o candidato às presidenciais. Há quem diga que Cavaco está disponível para avançar… Marcelo, com as recentes movimentações, gerou consensos… Todos esperam o melhor momento. Não quererão avançar, como figuras da social-democracia, nesta conjuntura pouco favorável aos “laranjas”? Preferirão avançar com uma imagem independente? Como candidatos de “todos os portugueses”… Seja como for, congresso terá forçosamente de apoiar um, ou pelo menos deixar indicações! Estou muito curioso… Em todo o caso, e esta é a minha opinião, a decisão de avançar para as presidenciais deve ser tomada o mais breve possível. Gerar consensos, motivar vontades, demonstrar valor e capacidades “para”, não se faz em quatro meses… O congresso poderá (e deverá) ajudar!

 

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José Augusto de Jesus