2004-11-12 - Direitos ao assunto!

12-11-2004 17:09

Ousadias…

 

Depois de ler o Terra Viva da semana passada, bem como outros órgãos de informação, não posso deixar conter a minha voz para a realidade (quiçá irrealidade…) da autarquia do Cartaxo. Como munícipe razoavelmente atento, não me passam ao lado determinadas questões – quiçá exemplos…

Começo por dizer que sou acérrimo adepto do reforço da esfera de decisão para as autarquias, que sustento na proximidade de quem promove e de quem suporta. Bem entendido, com uma eficiente coordenação entre poder local e poder central, sem que se tenha que falar em regionalização... Assim sendo, não posso deixar passar as ousadias do Presidente da Câmara do Cartaxo. Vejamos alguns exemplos…

O Sr. Presidente mostra-se decidido a levar para diante a nova esquadra da PSP do Cartaxo, afirmou-o recentemente em público. Depois de ter sido adiada/parada a obra, o ilustre autarca usou de muita firmeza para dizer que a PSP se mantém e a esquadra avança no ano que vem! Se o Governo pagar, melhor, se não, a Câmara paga! Felicito o Presidente por ter sempre defendido a ida dos polícias para as ruas (mais uma vez, nem que a Câmara tivesse que pagar!) e a sua disponibilidade recente para servir de autarquia modelo, depois de saber que é intenção do ministro responsável pôr essa ideia em prática.

Ouvimos agora falar da contratação de médicos para o concelho do Cartaxo, (onde dos cerca de 25.000 habitantes, 4.000 ainda não têm médico de família) também eles pagos pelo orçamento local. Está a ser negociada com uma entidade privada a prestação de serviços médicos permanentes. A Câmara vai pagar! É de facto muito arrojado!

Na autarquia onde presidente e vice-presidente batem records pela tenra idade, duas situações poderão acontecer. Ou esta é uma política sustentada e vai dar enormes frutos a todos os níveis. Ou então, a preocupação do PSD local quanto às contas da Câmara tem alicerces e pode ditar novos rumos de médio prazo. O PSD afirma que a Câmara do Cartaxo vive “acima das suas reais possibilidades e revela um novo-riquismo esbanjador que compromete a sua acção”. De certa forma, estará a hipotecar-se o futuro? Esse “onde vamos passar o resto das nossas vidas…” De facto, não é preciso ser bruxo… Num tempo de crise ainda instalada (se bem que com sinais de recuperação…), sabendo nós das dificuldades das autarquias que reclamam mais meios do poder central, mais possibilidade de recurso ao crédito (…), ouvirmos uma Câmara a dizer que faz e paga se for preciso (!) é obra, pode até ser confundido com demagogia

Uma coisa é certa para já e é justo que se reconheça: a autarquia conseguiu mais dos fundos europeus nos últimos 4 anos que o total dos outros anteriores desde que eles existem. Demonstra capacidade… São muitos milhões que podem sustentar aquelas pretensões bem como os investimentos, nomeadamente, no “quase” pronto cine-teatro que já corre mundo…

As leis da administração local prevêem esta administração, estabelecem competências e atribuições que englobam medidas como estas, falta saber se são sustentadas, sustentáveis na conjuntura actual… Vamos esperar para ver. Para já, não me parece que estejamos longe do bom caminho! 

 

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José Augusto de Jesus