2005-01-16 - Direitos ao assunto!

16-01-2005 18:21

 

É capaz de chegar de silêncio…

 

Ainda não estamos, oficialmente, em campanha eleitoral. Mas é incontornável o tema. Há duas ou três coisas que me ficaram retidas e que quero partilhar…

O “assunto” mais premente tem que ver com a elogiadíssima gestão que José Sócrates tem feito da sua imagem. Um homem discreto, muito composto, com uma postura muito “atractiva”. Pelo menos, para já… Agora, quanto a mim, apesar de reservado por questões institucionais, o certo é que Santana Lopes parece ter falado mais nesta “pré-campanha” do que o seu homólogo socialista. É claro que não ponho de parte as minhas reservas aos discursos. Afinal, foi o PSD o principal motor da subida nas intenções de voto a favor do PS. O líder laranja vai ter que “dar muito ao slide” para recuperar credibilidade. Para já, o facto de Santana se preocupar com as consequências de um novo Governo com as mesmas cores do anterior, não me parece ser o caminho certo! Será que o homem não percebe que a maioria dos portugueses estão com Jorge Sampaio? Será que os jornais e as televisões não querem publicar o que de facto nos interessa?

Às tantas, os convites de Santana para debates com Sócrates, não são assim tão despropositados. Não serei eu o acérrimo defensor do bipartidarismo português. Todavia, os desvios para baixo nas sondagens, com a consequente subida de partidos mais pequenos mostra que, caso estes dois grandes partidos queiram assumir a liderança deste “cantinho à beira mar plantado”, devem convencer os portugueses que têm soluções para o “desgoverno” provocado. E não se trata de “pontualidades”, à semelhança dos “reivindicalistas do costume”… Antes, assumir programas de gestão duradoura e torná-los credíveis. Os portugueses precisam de saber os conteúdos desses programas. Caso assim não seja, vamos pescando aqui e ali. Há dias ouvimos Bagão Félix dizer que, finalmente, o PS tinha aprovado o Orçamento de Estado para 2005. De facto, Sócrates falou e disse que as reformas “são para continuar”. Isto a propósito da abolição de benefícios fiscais que, afinal deve continuar… Mais tarde “corrigiu” dizendo que não vai sobrepor erros. A “abolição” que há “poucos dias” Sócrates repudiava com muita veemência! De certeza que muito leitores já estão a pensar: não é bem assim! Mas eu ouvi! E gostava que estes assuntos fossem mais debatidos… Mais aprofundados… Isto é que, na verdade, mexe com a nossa qualidade de vida. Em vez disso, a gente pega nos jornais, liga a televisão e vai ouvindo e lendo as peripécias, as “tremuras” da relação do PSD com o CDS-PP.

Eu sei que ainda falta tempo para o dia 20 de Janeiro, ainda nem sequer arrancou a campanha eleitoral… Só espero que não se perca esta oportunidade de chegar às pessoas e “provar-se” que se pensa nas pessoas e nos seus legítimos anseios e expectativas. Já todos andamos fartos de “intrigas partidárias”, de jogos de bastidores, de recados “públicos” dispensáveis. Se não se mudar este rumo, será que vamos ter rumo? Os dirigentes partidários devem ter consciência que se não provocarem empatia, emoção, se não credibilizarem os discursos nesta campanha, então duas coisas podem acontecer: desde logo aumenta a abstenção, por outro, crescerão movimentos minoritários de desapontados, insatisfeitos mas com vocação política. E aqui, sem apontar seja para onde for, (apesar de já ter escrito sobre a “inoportunidade” do partido (…), me parece que não consolidamos uma estabilidade social tão necessária.

Tudo isto para uma conclusão: é preciso que a nova maioria mobilize, se possível “absolutamente”. Só assim, ficará legitimada uma gestão reformista duradoura! Chega de instabilidade… 

 

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José Augusto de Jesus