É Carnaval, mas alguém pode levar a mal!

A semana passada foi bastante clarificadora no que toca a candidatos da ala socialista para as próximas autárquicas. Não acredito que alguém tenha ficado surpreendido com o desfecho das “trapalhadas” a que vínhamos assistindo. Paulo Varanda assumiu a sua candidatura pseudoindependente. Pedro Ribeiro corroborou, nomeadamente nas redes sociais, o caminho que já tinha traçado.

Paulo Varanda, atual presidente de câmara eleito pelo Partido Socialista, confirmou a cisão no partido. A candidatura, dita independente, nada mais é do que o culminar esperado dos socialistas que foram erradicados do aparelho partidário. E não foi por vontade própria, mas pelo desleixo com que nos últimos tempos abordaram a questão interna da eleição do candidato.

O comunicado que formalizou esta candidatura é que me deixou surpreendido. Bem sei que é importante aproximar o discurso daquilo que as pessoas querem ouvir, tentando chegar ao coração do eleitor, mas aquela frase inicial, “Eu, Paulo Varanda, nunca fui, não sou e não serei um político”, perdoem-me a franqueza, é muito pouco honesta. Então mas o candidato não sabe que o “político” é aquele que influência a maneira como a sociedade é governada, procurando, nomeadamente, a sua eleição para um cargo que é político! A presidência de câmara é um cargo político, não sabe? Não é isso que ele quer?

E depois, para compor o ramalhete, ainda diz que “os partidos políticos já tiveram a sua oportunidade de fazer algo em prol do Cartaxo” e “não foram bem-sucedidos”. Aqui, o candidato equivoca-se na primeira parte e bem que acerta na segunda! A verdade é que não foram “os partidos”, mas sim “um só partido” que até hoje governou este concelho, os outros nunca foram vistos ou achados! Quanto à falta de sucesso tem toda a razão! O concelho do Cartaxo está na falência! Mas o partido, o tal que não foi bem-sucedido e é responsável por esta falência, é aquele pelo qual ele foi eleito em 2009, já não se lembra? O tal que ele queria encabeçar, na corrida autárquica, no lugar de Pedro Ribeiro, até há bem poucos dias.

A seriedade com que os políticos se devem apresentar aos cidadãos eleitores também parece que falta à outra candidatura.

Pedro Ribeiro lançou a semana passada a sua página de candidatura no “facebook”. Até aqui nada de mais. O surpreendente, e para quem conhece o funcionamento destas páginas, é a página em causa, logo no dia do seu lançamento, ter, registados, perto de 5 mil “gostos”. Isto é, supostamente, perto de 5 mil pessoas ou instituições “gostam” desta candidatura. No meio destes milhares de “gostos” podemos encontrar o PSD do Cartaxo, o PCP do Cartaxo e até o próprio Paulo Varanda! Não preciso de citar mais. Isto é facilmente constatável para quem tiver internet.

Obviamente, esta página não é para levar a sério. Pedro Ribeiro descobriu uma forma de adicionar quem bem lhe apeteceu, criando assim um embuste “facebokiano”. Não lhe fica bem! As pessoas são livres de clicarem, ou não, no tal “gosto”, não será? As pessoas não têm que ver o seu nome associado a uma candidatura política, sem para tal terem contribuído.

É que depois desta apresentação nas redes sociais, é legítimo perguntar se alguma vez vamos saber quem são os que, verdadeiramente, apoiam Pedro Ribeiro? Será que este momento político pouco feliz, no percurso do candidato à câmara, não contamina o resto da sua campanha? Será que os próximos capítulos da campanha são para levar a sério?

Apesar de estarmos no Carnaval, é muito bem capaz de alguém levar mal…

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José Augusto de Jesus