Não tinha que ser assim!

15-07-2013 13:04

Foi divulgado na semana passada o Anuário Financeiro dos 308 Municípios Portugueses. Com uma análise económica e financeira, este documento mostra-nos com muita clareza aquilo a que fizeram à nossa terra! Vejamos alguns dados...

Em termos de execução orçamental em relação à receita, o Cartaxo aparece-nos na antepenúltima posição. Isto é o resultado do “surrealismo” daqueles que até hoje nos governaram. Foram-se “martelando” receitas, como foi o caso das famosas contrapartidas da Ota, lembram-se? mas a realidade mostra-nos que a câmara efetivamente recebeu pouco mais de um quarto daquilo que nos prometeram em 2011, menos de um quarto em 2012. Em contrapartida, a despesa foi sempre muito maior. Dito de outra forma, gastou-se mais do que se recebeu.

Do ponto de vista dos juros e outros encargos financeiros também estamos, infelizmente, na linha da frente. Em 2011, o Cartaxo foi o vigésimo segundo concelho do país com maiores encargos nesta parte, perto de 1 milhão e duzentos mil euros. Um valor que, fruto do resgate a que fomos obrigados a recorrer, e que ainda não tem aprovação à vista, irá certamente disparar para valores próximos dos 4 milhões e meio de euros. O peso da dívida bancária de médio e longo prazo é um indicador assinalável: em 2012, esse peso significava mais de 191% das receitas de 2011.

Em 2012, fruto da desgovernação e do empurrão para a frente, o Cartaxo ficou em terceiro lugar nos municípios que menos amortizaram passivos financeiros. Não temos dinheiro para pagar o que devemos. Nos compromissos assumidos pela Câmara, e que ficaram por pagar, em 2011 o Cartaxo ficou em 19º nono lugar com 25 milhões e meio de euros, em 2012 ainda ficamos pior subindo para a 13ª posição com 32 milhões e 200 mil euros. Foi-se sempre empurrando para a frente, ano após ano, a ideia é que alguém paga, amanhã ou depois... As dívidas a fornecedores também não pararam de aumentar. Esta parte da dívida na Câmara do Cartaxo, atingiu em 2012 perto de 120% daquilo que são as receitas totais em 2011. E por isso, o prazo médio de pagamento nesta autarquia era no final de 2012 de 521 dias. Muito mais de ano meio. Percebe-se bem o que isto representa para as empresas que fornecem esta câmara. Sabemos de algumas que tiveram que fechar as portas...
Por tudo isto, a dívida da câmara municipal vai galopando! Em 2007 estava já perto dos 28 milhões de euros, em 2012 perto dos 45 milhões de euros. Sabemos hoje que este valor não para de aumentar, atualmente rondará os 52 milhões e meio de euros.

A câmara poderá ser equiparada a uma família: a família que vai gastando mensalmente na expectativa de que mais dia menos dia lhe vai sair o “euromilhões” e não de acordo com os seus rendimentos certos e constantes. A família acaba por ser obrigada a pedir um empréstimo ao banco para pagar a eletricidade, a água e a luz... e vai deixando compromissos por pagar, por exemplo, já não paga as taxas relativas ao lixo há muito tempo...

Em face de tudo isto, deixo algumas questões. Alguém acredita que toda esta enorme dívida se construiu no último mandato desta Câmara Municipal? Lá mais para trás, não estiveram outros responsáveis por este resultado? De entre todos estes responsáveis, alguém está disponível para responder por todo este montante de dívida que nos ensombra para os próximos anos?


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José Augusto de Jesus