Os outros só atrapalham, claro!

12-11-2012 17:47

Há já muitos meses que temos vindo a ouvir falar do novo regime jurídico da reorganização administrativa territorial autárquica.

 

Uma lei que estabeleceu parâmetros de agregação de freguesias e deixou à Câmara Municipal a iniciativa de desencadear uma proposta de deliberação ou a emissão de um parecer para que a Assembleia Municipal fizesse uma pronúncia.

 

A lei criou uma Unidade Técnica que recebeu estas pronúncias e que ficou incumbida de as validar, avaliando-as nomeadamente quanto ao cumprimento dos parâmetros de agregação.

 

É importante perceber que este caminho está previsto na lei! E ninguém de boa-fé pode alegar desconhece-lo, nomeadamente aqueles que têm responsabilidades políticas.

 

Entretanto, conhecemos há poucos dias a proposta da Unidade Técnica quanto à agregação de freguesias no concelho do Cartaxo. Ereira e Lapa agregam-se, assim como Cartaxo e Vale da Pinta.

 

De imediato, ouvimos algumas reações.

 

Paulo Varanda, presidente de câmara a clamar vitória! Confesso que fiquei estupefacto. Vitória? Só porque Vila Chã de Ourique não se agrega ao Cartaxo? Então e a Ereira e a Lapa? E Vale da Pinta e Cartaxo?

 

Quem ouviu o Presidente da câmara, nomeadamente na Assembleia Municipal que aprovou o documento enviado para a UT, recusando toda e qualquer agregação, dirá que este é um novo discurso! Mudou alguma coisa? Alguma coisa lhe escapou? A ele que sempre se arrogou, de acompanhar de perto os trabalhos da UT, de estar em constante ligação com o governo nesta matéria?

 

A resposta a esta questão não está no presidente da câmara do Cartaxo, mas no candidato assumido às próximas autárquicas! É que claramente esta proposta de agregação serve muito bem as aspirações eleitorais de quem pretende conquistar a Ereira e não perder votos em Vila Chã de Ourique!

 

Recuperando ainda Fernando Ramos que ainda foi mais longe dizendo que é um cidadão do concelho do Cartaxo e não de Vale da Pinta.

 

Agora já se ouve que “existindo uma lei, é para cumprir”! Que é preciso ter em atenção a “convicção de todos os eleitos”. Que “é preciso que seja defensável e não demagógico”.

 

Já que vamos em maré de candidaturas, ou de beneficiários, destaco também a reação de Pedro Ribeiro, líder dos socialistas do Cartaxo. Se por um lado registo a natural preocupação com que recebeu esta proposta, e a solidariedade com as populações afetadas, não posso compreender como prossegue dizendo que precisa de estudar o parecer e auscultar a população…

 

Então mas Pedro Ribeiro não conhecia a lei? Será que Pedro Ribeiro quer fazer crer que não sabia que uma pronúncia que não agregasse qualquer freguesia, era para todos os efeitos equivalente a uma não pronúncia e que por isso a Unidade Técnica faria o seu trabalho? Então e é agora que pretende auscultar a população? Quando todos os prazos de debate público estão fechados? Porque não o fez antes?

 

Ao que me foi dado a saber o sucesso nesta parte foi pouco..

 

Aqui a resposta não é muito diferente: também Pedro Ribeiro tem uma agenda que pretende fazer seguir até às próximas eleições autárquicas! E nada melhor do que deixar consumar uma tragédia, para apresentar um salvador! Pedro Ribeiro sabe muito bem que competia à Câmara Municipal ter desencadeado uma proposta de deliberação! Não o tendo feito, o conforto agora é maior! Para já cola a tragédia ao governo do CDS e do PSD, mais tarde irá perguntar de que serviu ao presidente de câmara estar em permanente contacto com o governo e a Unidade Técnica.

 

Obviamente, tanto Pedro Ribeiro como Paulo varanda pretendem pendurar-se nesta lei, com tanta força, sublinho, com tanta força quanta a que for necessária para esconder as suas responsabilidades na falência de um projeto político socialista que acabou por levar à falência a própria autarquia!

 

Por isso se compreende a disputa entre os dois por um convite a população, de forma a começar esse caminho…

 

E não estão sozinhos! Contam também com alguns funcionários políticos, esses pendurados no poder, empenhados sem rodeios em chamar a esta tarefa de luta, a Assembleia Municipal do PS, a Câmara Municipal do PS, e ao próprio partido socialista!

 

Os outros só atrapalham, claro!

 

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José Augusto de Jesus