Para que a memória não seja curta…

Na passada sexta-feira, dia 16 de Novembro, o executivo socialista do Cartaxo liderado por Paulo Varanda, assinou com o governo um contrato de empréstimo tendo garantido um cheque de 17 milhões e 600 mil de euros – valor este para liquidar dívidas vencidas há mais de 90 dias à data de 31 de Março de 2012, é o que diz a lei.

O governo, e bem, deu a mão à câmara do Cartaxo, no sentido de revitalizar a nossa economia local. O PAEL (Programa de Apoio à Economia Local) contribui para o reforço da liquidez dos agentes económicos locais, mantendo e eventualmente podendo recuperar emprego. Numa altura em que todos reclamamos por políticas de apoio à economia, este programa, à sua escala, é muito bem-vindo…

Apesar deste programa de apoio que o governo criou, o executivo socialista não aguenta o barco só com este cheque, precisa de muito mais. Segundo o plano de recuperação financeira que nos foi dado a conhecer, são precisos ainda mais 27 milhões e meio de euros para endireitar as contas da câmara. E por isso, além do PAEL, Paulo Varanda quando assumiu a falência da câmara, assumiu também um pedido de reequilíbrio financeiro. Mais uma vez, um novo empréstimo. Este vai ser decidido a breve prazo.

Porque a memória não deve ser curta, queria aproveitar para lembrar que em 2008, o então presidente Paulo Caldas, recorria ao saneamento financeiro, contratou um empréstimo de 13 milhões de euros. 13 milhões para resolver os compromissos financeiros da câmara, nomeadamente para pagar a fornecedores. Pretendia-se maximizar receita e conter a despesa. Mas, qual foi o resultado? Gastamos ainda mais e aumentamos a nossa dívida!

É evidente que aqueles que têm vindo a governar a câmara, nestes últimos anos, falharam escandalosamente! Quatro anos depois, já não pedimos 13 milhões, pedimos mais de 45 milhões de euros. Certamente, lamentamos todos a gestão ruinosa daqueles que têm em mãos a coisa pública no Cartaxo.

Voltando ao PAEL, é sem dúvida uma boa notícia para aqueles que há muitos meses ou anos, esperam que a câmara lhes pague o que lhes deve. Pelo menos aqueles que aguentaram até aqui…

Mas a boa notícia não pode esconder a realidade. É que, tal como em 2008 quando nos emprestaram os 13 milhões do saneamento financeiro, também hoje estamos a um ano de eleições autárquicas. E a campanha eleitoral já começou no PS.

Certamente que Paulo Varanda vai querer entregar pessoalmente cheques a empresas, comerciantes, fornecedores locais, coletividades, e por aí fora. E não os vai chamar todos de uma vez. Como diz o povo, vai saber “fazer render o peixe”.

Mas nessa altura, é bom que todos recordemos que esta “festa” do partido socialista do Cartaxo vai-nos custar vinte anos de mais austeridade, em IRS com que já não ficamos da parte da autarquia, em IMI a valores máximos, em taxas maximizadas de serviços camarários, em tolerância zero para coimas e execuções fiscais da responsabilidade da câmara, e por aí adiante. E tudo isto para, a final, pagarmos os mais de 74 milhões de euros que é o preço da “festa”.

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 José Augusto de Jesus