Uma homenagem

23-07-2012 17:35

Vivemos hoje em Portugal um período difícil em que a palavra que mais nos entra nos ouvidos é “crise”. Há já alguns anos que todos percebemos (quase todos para ser mais preciso) que não só desaceleramos naquilo que era o “melhor amanhã”, como nos foi “imposto” um retrocesso doloroso.

O quadro não é animador e pinta-se com desemprego, redução de salários, economia estagnada, aumento do custo de vida, entre muitas outras possíveis definições. Não me alongo muito por aqui porque sei perfeitamente que todos, de uma forma ou de outra, conhecem a realidade tão bem quanto eu.

O que hoje gostaria de partilhar é uma homenagem às mulheres e aos homens, aos jovens e aos menos jovens que, apesar de fustigados com tanta austeridade, com tantas dificuldades, continuam a dar alegria, cor e vida!

E tudo isto porque este fim de semana passei por Vila Chã de Ourique. Havia festa, ou melhor, havia Feira Medieval. A pretexto da comemoração dos 873 anos da Batalha de Ourique assistiu-se a recriações históricas, nomeadamente da Batalha de Ourique, desfiles, mercado medieval, tabernas, animação de rua e torneios. O recinto da feira esteve sempre cheio e a população empenhou-se no sucesso deste evento. E conseguiu!

E no meio destes detalhes de proximidade, dizendo de outra forma, daqueles que estão mais perto de nós, vi pessoas que não baixam os braços e que acreditam que é possível manter tradições e dão sentido ao verbo “fazer”! Um exemplo digno de registo neste tempo em que os apoios são cada vez mais escassos.

É a minha homenagem à iniciativa das colectividades e associações, não só de Vila Chã de Ourique, mas que estendo a todas as que vão conseguindo manter, muitas vezes até alargar a sua atividade.

Em tempos supressão unilateral de protocolos, de cortes nos subsídios a que legitimamente estes agentes sociais teriam direito, provocados pela tal “crise”, mas também pelo fracasso de quem tem competências de gestão, é justo reconhecer esta oferta de cultura que se acomoda aos bolsos da maioria, de quem está mais penalizado.

É um exemplo de empenho que deve ser transposto. São exemplos reais para aqueles que nos últimos tempos desbarataram com fantasia e capricho e, sobretudo, sem retorno.

Habituamo-nos a olhar para cima na altura de procurar um rumo, acreditamos naqueles que pareciam ter um estatuto de líderes, mas esses vão saindo de cena e o buraco que deixam é grande! Há uma mensagem de esperança que está cá em baixo, nas pessoas para quem um abraço, um cumprimento, um simples gesto de gratidão é a maior recompensa. São estas as pessoas com quem esperamos construir um futuro melhor. Bem hajam!

 

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José Augusto de Jesus