Vale a pena participar!

28-01-2013 01:50

As origens da democracia remetem-nos para a Grécia Antiga. Foi aqui que pela primeira vez se experimentou esta forma de governo em que o Povo é chamado a participar ativamente na decisão política.

A democracia assenta em conceitos liberdade de expressão, de dignidade humana, sobretudo de igualdade.  As primeiras experiências do chamado “Governo do Povo” traduziram-se naquilo que se pode chamar de democracia direta, isto é, todas decisões políticas eram tomadas em assembleias públicas. Com o crescimento das populações, a democracia direta deu lugar à democracia representativa. Aqui, o Povo continua a ser o dono do poder, mas pelo voto, escolhe aqueles que irão tomar as decisões políticas em seu nome – é o chamado mandato político.

Por todo o mundo, a democracia representativa é hoje o regime de governo com mais implementação. Também em Portugal elegemos aqueles administram o Estado –  central ou local.

Serve esta introdução, muito sumária, para deixar um apelo. 

Os tempos que hoje atravessamos são tempos de grandes dificuldades económicas, de incertezas sociais. São tempos em que cresce a desconfiança naqueles que nos governam, naqueles que mandatámos pelo voto e que responsabilizamos por nos terem trazido até este ponto de dificuldades.

Cada vez mais se ouve falar em distanciamento da sociedade para com os seus políticos, para com aqueles que foram eleitos. Pior do que isso, é a determinação que alguns têm em se afastar do direito de participar, de escolher, incentivando outros para este caminho.

Mas ninguém certamente quer perder a sua liberdade de escolher, de se exprimir, ninguém admitirá certamente revogar o conceito de igualdade em sociedade. Mas o certo é que se nos demitirmos desta participação, acabaremos por colocar em perigo esses valores.

É por isso que o meu apelo hoje é para que continuemos a acreditar que vale a pena participar! É claro que em democracia o voto é o meio privilegiado para essa participação. Mas podemos e devemos não ficar por aqui. Há outras formas de condicionar a atividade daqueles que nos representam, fazendo com que não se esqueçam da missão que lhes foi confiada. Podemo-lo fazer de forma isolada, como simples cidadãos ou então em associação. Um morador numa qualquer rua desprezada pode dirigir-se à Câmara Municipal e pedir o seu arranjo; uma associação de comerciantes pode reclamar medidas de apoio ao comércio local; um agrupamento de escolas pode reclamar condições de segurança para alunos e professores; um movimento cívico pode entregar uma petição na Assembleia da República; enfim, poderíamos elencar um sem número de exemplos.

Vale a pena participar no processo de decisão política. Se nos demitirmos deste direito, boicotamos a própria democracia!

 

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José Augusto de Jesus